Do “Cabelo Maluco” ao “Cabelo Criativo”: quando o respeito encontra a imaginação

O artigo “Entre o Criativo e o Maluco” reflete sobre a importância da linguagem e da estética na formação da infância. A partir do editorial da MOOC e da atuação da Orí Afrofuturo, o texto propõe um olhar sensível sobre o cabelo como portal de identidade, imaginação e liberdade. Conectando arte, ancestralidade e educação, o artigo antecipa o pré-lançamento da coleção Orí Erês e Curumins, celebrando a beleza como gesto político e transformador.

Amanda Coelho - CEO Orí Afrofuturo

11/2/20253 min read

Recentemente, tive o prazer de participar de um editorial do Coletivo MOOC, que foi destaque no site da plataforma, celebrando o chamado Dia do Cabelo Criativo. A proposta, leve e divertida, abre espaço para uma discussão urgente sobre expressão, liberdade e imaginação, especialmente quando olhamos para a infância como um território fértil de criação e aprendizado. Mas ao mergulhar nesse universo, é impossível não pensar no contraste entre as expressões “cabelo criativo” e “cabelo maluco”. Essas duas nomenclaturas, aparentemente simples, revelam muito sobre como a sociedade enxerga o corpo, a diferença e a liberdade estética.

Criatividade é direito e continuidade

Falar sobre o Dia do Cabelo Criativo é falar também sobre reconhecimento e continuidade.
É criar novas narrativas para antigas estruturas e permitir que
crianças negras, periféricas e criativas possam se ver representadas — sem serem ridicularizadas por sua originalidade.

A criatividade é um direito. E o cabelo, um dos primeiros territórios onde essa liberdade se manifesta. Por isso, fico muito feliz em ter somado nesse editorial, trazendo o olhar da Orí Afrofuturo e dos Portais das Trançadeiras: caminhos de invenção estética que unem arte, ancestralidade e tecnologia social. Cada trança, cada adorno e cada textura são, para mim, pontes entre passado, presente e futuro, espaços de imaginação coletiva e reconstrução de dignidade.

Entre o lúdico e o estigma

Na infância, a criatividade é um espaço de experimentação, ludicidade e descoberta do mundo. É o momento em que o corpo e o cabelo se tornam ferramentas de imaginação, um verdadeiro laboratório de ideias, cores, texturas e símbolos.

No entanto, quando essa expressão é nomeada de “maluca”, há uma virada simbólica perigosa. O termo, que deveria permanecer no campo da saúde e do cuidado, acaba sendo usado para classificar corpos e estéticas fora da norma, reforçando preconceitos e exclusões. Quando falamos de cabelos crespos, trançados ou adornados, essa linguagem toca ainda mais fundo, pois carrega séculos de desvalorização estética e cultural.

Linguagem também é comportamento

A forma como nomeamos o mundo diz muito sobre como o enxergamos. Refletir sobre expressões como “cabelo maluco” é, portanto, um gesto político — um convite a repensar as palavras e os valores que elas carregam. O cabelo é uma linguagem viva. Em muitas culturas africanas, as tranças e penteados não eram apenas adornos, mas códigos de pertencimento, resistência e identidade. Ao longo da diáspora, essa sabedoria foi ressignificada e hoje segue como tecnologia ancestral que comunica quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir.

Criatividade é direito e continuidade

Cabelo Criativo é uma releitura do icônico “Crazy Hair Day” sob uma perspectiva afrofuturista e educativa, com direção de Vinni Tex, hairstyling de Amanda “Diva Green” Coelho (Orí Afrofuturo), styling de Gabiru S. e fotografia de Cat Monk, celebrando a imaginação infantil, a diversidade e a liberdade estética como linguagem de afeto e criação coletiva.

Criatividade é direito e continuidade

Por isso, falar sobre o Dia do Cabelo Criativo é falar também sobre reconhecimento e continuidade.

Continuar é criar novas narrativas para velhas estruturas. É permitir que crianças negras, periféricas e criativas possam se ver representadas, sem serem ridicularizadas por sua originalidade.

A criatividade é um direito e o cabelo é um dos primeiros territórios onde essa liberdade se manifesta.

Nesse sentido, fico muito feliz em ter somado nesse editorial, trazendo o olhar da Orí Afrofuturo e dos Portais das Trançadeiras: caminhos de invenção estética que unem arte, ancestralidade e tecnologia social.

Cada trança, cada adorno e cada textura são, para mim, pontes entre passado, presente e futuro — espaços de imaginação coletiva e de reconstrução de dignidade.

Para seguir refletindo

O resultado do editorial ficou lindo — fruto da colaboração entre pessoas criativas e comprometidas em construir novas formas de ver, educar e representar o mundo.
Mais do que estética, essa é uma conversa sobre
ética, respeito e educação para a diferença.

✨ Confira o editorial completo na MOOC: O Dia do Cabelo Criativo

✨ E continue acompanhando os caminhos da Orí Afrofuturo, onde o cabelo é portal e a criatividade, uma forma de liberdade.

Conexão com o Orí Erês e Curumins

Essa reflexão também abre caminho para o lançamento da coleção Orí Erês e Curumins, um projeto que transforma a estética em linguagem educativa e ancestral. Nas próximas semanas, compartilharemos conteúdos sobre o processo criativo, os bastidores e as histórias por trás das novas Mayakas Sementes, peças que celebram a infância, o afeto e a potência do nosso Orí.

🌸 Acompanhe o blog e as redes da Orí Afrofuturo para viver esse novo ciclo conosco.