Sankofa: Por que Voltar às Raízes é um Gesto de Futuro?
Sankofa é uma filosofia ancestral dos povos Akan, presentes majoritariamente em territórios como Gana, Togo e Benim. A palavra, que tem ganhado força e visibilidade nos últimos anos, em gestos que simbolizam a memória em movimento. Ela me lembra que o tempo é Sankofa que caminha com a força e com a sutileza do vento. Vai e volta, circula. sobe e desce. Está em constante de retorno e ida nunca parado, sempre se projetando a partir de outros elementos.
Amanda Coelho
5/12/20253 min read
Como essa estética se comunica?
Sankofa é uma filosofia ancestral dos povos Akan, presentes majoritariamente em territórios como Gana, Togo e Benim. A palavra, que tem ganhado força e visibilidade nos últimos anos, expressa um chamado atemporal: “Se wo were fi na wosankofa a yenkyi”, provérbio em língua Twi que significa “Não é errado voltar atrás para buscar o que foi esquecido.”
Essa sabedoria está ligada na imagem simbólica de um pássaro com o corpo voltado para frente e a cabeça olhando para trás muitas vezes segurando um ovo no bico. O gesto do pássaro nos propõe um ensinamento profundo: o que ficou para trás pode e deve ser recuperado.
Essa imagem, de forte poder visual e espiritual, nos convoca a lembrar, a cuidar e a continuar com mais propósito . Sankofa é símbolo, é estética, é filosofia, é continuidade.
Sankofa caminha com a força e a sutileza do vento. Vai e volta, circula, sobe e desce. Está em constante movimento de retorno e de ida, nunca parado sempre se projetando a partir de outros elementos. Somos como o vento: precisamos movimentar o tempo para resgatar o que ficou e nos impulsionar rumo ao que queremos construir com mais estratégia .
Uma convocação para lembrar. Para se projetar melhor. Para trançar os fios do tempo com consciência, beleza e ancestralidade.




Colonização e ruptura: por que precisamos voltar
No Brasil, os impactos da colonização afetaram não só as nossas histórias, mas também os nossos vínculos mais íntimos e familiares. Muitas vezes não sabemos quem foram nossos avós, bisavós ou até nossos próprios pais.
Há uma lacuna forçada na nossa memória coletiva e ela se reflete nos legados, nos saberes, nos afetos.
Por isso, Sankofa é também um gesto de cura.
Um convite para resgatar aquilo que foi apagado: histórias, nomes, gestos, rituais, trançados. Uma linguagem ancestral que atravessa o tempo e que segue viva em nós.



Sankofa é atemporal
É um princípio que não se limita ao passado — pelo contrário, ele nos conecta ao presente e nos projeta para o futuro.
É um movimento íntimo, às vezes silencioso, que nos chama a olhar com atenção para aquilo que parecia perdido, mas que pulsa dentro de nós.
Essa filosofia é tão presente na minha vida que eu a incorporei na logo da minha produtora. Misturei simbologias que falam do tempo, do corpo, da memória, da beleza. E ali está ele: o movimento Sankofa.
Essa escolha é proposital — quero sempre trazer esse olhar para o legado, para os fios que nos conectam, para os caminhos que se entrelaçam nos projetos, nas criações, nas histórias.
Sankofa é estética
Fazer Sankofa também é uma escolha estética.
É libertar o corpo, o cabelo, o vestir, os materiais.
É buscar sentido nas formas, nos tecidos, nas cores, nos adornos.
É entender que tudo isso também comunica quem somos, o que lembramos e o que decidimos honrar.
Estética afrodiaspórica é isso: um corpo que lembra, que reinventa, que se posiciona.
Cada trança, cada maiaca, cada peça que crio é um gesto de Sankofa.
É uma estética que carrega histórias.
É ancestralidade viva no presente.
É beleza com sentido.
É arte que cura.
É trançar passado, presente e futuro em um só gesto.
Sankofa é simples.
Pode ser um cabelo solto. Uma transição capilar. Um penteado, um coque. Um tecido amarrado. Um adorno. Um lenço.
Uma cabeça que se levanta.
Sankofa se movimenta em muitas frentes. Em muitos trançados, em muitos tempos.
Se você se conecta com o movimento Sankofa, Compartilha com alguém que pode se sentir fortalecido também. E se fizer sentido compartilha um movimento Sankofa seu também para expandirmos esse rede.
Porque é assim que a gente faz essa gira girar.







